O que é a Euribor e porque subiu?
A Euribor é a taxa de juro paga pelos bancos da zona euro por emprestar dinheiro, e que serve de referência à maior parte dos empréstimos à habitação. Esta taxa não é fixa; encontra-se sujeita a oscilações diárias em função da média das taxas de juros dos bancos mais ativos na zona euro.
Desde 2016 que a taxa Euribor tinha-se mantido em níveis relativamente confortáveis para os portugueses que contrataram um Crédito Habitação. Contudo, os especialistas tinham já emitido alguns alertas, prevendo que esta taxa iria aumentar, e assim sucedeu.
Na verdade, a taxa Euribor subiu a todo o vapor em 2022 e, por isso, suscitou naturais preocupações por parte das famílias, que ficaram numa situação financeira mais frágil. Quem tivesse um Crédito Habitação de taxa variável ia ver a prestação da casa subir assim que fosse revista.
O que provocou a subida da Euribor?
O aumento da taxa Euribor foi o resultado das consequências financeiras da guerra na Ucrânia. A guerra está a gerar uma inflação na Zona Euro e, como resposta, o Banco Central Europeu (BCE) adotou uma política financeira mais austera, aumentando as taxas.
Esta mudança começou a dar os primeiros sinais em fevereiro de 2022, quando o próprio BCE admitiu essa possibilidade e, desde então, a taxa Euribor tem estado especialmente volátil. Confirmou-se agora o que se previa: a Euribor subiu e continuou a subir até ao final de 2023, o que fez disparar os encargos dos portugueses com a prestação da casa.
Contudo, existem algumas formas de combater a subida da Euribor. Explicamos de seguida como poderás renegociar as condições do teu Crédito Habitação e, assim, minimizar o impacto na saúde financeira da tua família.
6 formas de combater a subida da Euribor
Se sentes que esta é a altura certa para rever as condições do teu Crédito Habitação, então deves atuar já e não esperar que a taxa suba mais para o fazer. Ao renegociares com o teu Banco, deves considerar os aspetos que se seguem.
1. Renegoceia o spread
O spread é uma parcela do montante que pagas todos os meses ao banco pela casa, e consiste na margem de lucro que o banco obtém por te emprestar dinheiro. É, assim, livremente definido pela entidade bancária, e não se encontra dependente de fatores financeiros externos. Por isso, trata-se de um valor que o banco pode gerir de forma autónoma.
Tenta reduzir esta parcela para, consequentemente, diminuir também o valor da tua prestação mensal. Contudo, antes de avançar com esta proposta ao teu banco, compara os spreads praticados por outras entidades de financiamento, para teres uma noção mais completa das condições atuais do mercado e até onde podes ir.
2. Pondera mudar para taxa fixa
Podes também avaliar, junto do teu banco, se vale a pena mudar para taxa fixa. Com este tipo de taxa, ficas imune às oscilações da Euribor; o valor da taxa, como o próprio nome indica, é sempre o mesmo. Assim, quando a Euribor subir ou descer, a tua taxa mantém-se inalterável.
É certo que não ficas prejudicado com a subida da Euribor, mas também não beneficias quando desce. Além disso, as taxas fixas são sempre mais elevadas do que as variáveis, é o preço da estabilidade.
Por isso, avalia cuidadosamente e faz simulações antes de proceder a uma eventual mudança no contrato. Tem a certeza de que o valor que vais pagar pela taxa fixa compensa o valor da taxa variável, agora aumentado pela subida da Euribor.
3. Revê o teu seguro de vida
Verifica se poderás poupar mais com o seguro de vida associado ao teu Crédito Habitação se o contratares fora do banco. Esta também é uma parcela do valor total que pagas ao banco, e que não se encontra dependente da economia europeia.
Faz uma pesquisa de mercado sobre as condições praticadas pela concorrência, e verifica se serão mais vantajosas para o teu caso. Contudo, tenha em mente que o facto de ter subscrito um seguro de vida na mesma entidade onde contratou um Crédito Habitação pode ter originado outros benefícios, como um spread mais convidativo.
Assim, nas suas contas finais, verifique se um seguro de vida mais barato compensa a perda desse ou de outro benefício acordado no início.
4. Considera transferir o teu crédito
Também poderás considerar a opção de transferir o teu Crédito Habitação para outro banco. Tudo depende de quem oferece as melhores condições. Assim, analisa a concorrência e pede propostas a outras instituições financeiras.
Verifica se propõem um spread mais confortável para o teu orçamento familiar e compare as propostas através da TAEG, optando pela menor. Se encontrares um Crédito Habitação mais ajustado a ti, podes fazer a transferência e, assim, reduzir a prestação mensal.
Poderás tomar esta decisão a qualquer momento, tendo, todavia, de avisar o banco com 10 dias de antecedência e, à semelhança do ocorrido com o primeiro crédito, apresentar todos os documentos necessários à contratação.
5. Amortiza parte da dívida
Se as tuas poupanças assim o permitirem, considera amortizar parcialmente a dívida, ou seja, liquidar antecipadamente uma fração do crédito (sem, contudo, recorreres ao teu fundo de emergência). Desta forma, consegues reduzir o capital em dívida e, por consequência, a prestação mensal.
Tem em conta que esta ação também pode ter um custo. Regra geral, os bancos aplicam uma penalização, calculada com base numa percentagem do capital amortizado. Por isso, é importante perceber se o que vais pagar pela amortização compensa a redução da mensalidade que vais obter.
6. Faz uma consolidação de créditos
Se tens vários créditos em simultâneo, provavelmente estarás a pagar a entidades diferentes com condições diferentes. Neste caso, consolidar créditos pode ser uma boa opção.
Juntando todos os créditos num só, vais obter melhores condições e uma única prestação mensal mais baixa. Habitualmente, a taxa de juro de um crédito consolidado é mais baixa do que a média das taxas de juro de cada crédito que tiveres.
Esta vantagem decorre de um prazo de pagamento mais longo. Contudo, pode ser mais vantajoso pagar durante mais tempo quando isso representa mais liquidez todos os meses para suportar os efeitos da subida da Euribor.
A subida da Euribor fez soar os alarmes, mas, com estas 6 formas de a combater, poderás enfrentar melhor este momento.