Pedir crédito pessoal para investir na bolsa: uma boa ideia?

Para investir em ações, diz-se que uma das regras principais é que não se pode investir com crédito, mas será mesmo assim?

Crédito pessoal para investir

Em relação aos investimentos em ações, uma das regras principais é que não se pode investir com crédito, pois isso gera muito risco e insegurança. 

Dificilmente nessa situação os investimentos em ações poderão gerar um retorno superior ao que irá pagar de taxa de juro, porque a parte emocional conta muito e acaba por ser determinante.

Mas vamos por partes e já te digo como chego a esta conclusão.

O que é um crédito pessoal?

Em Portugal, o crédito pessoal é um tipo de empréstimo concedido por uma instituição financeira a uma pessoa física, sem exigência de garantia específica. O montante do empréstimo, o prazo de reembolso e a taxa de juros são negociados entre o cliente e a instituição financeira.

O crédito pessoal pode ser utilizado para qualquer finalidade, desde a aquisição de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos ou automóveis, até a realização de despesas inesperadas, como a reforma ou uma viagem.

Sabe mais:

Os principais tipos de crédito pessoal são:

  • Crédito pessoal sem finalidade específica: é o tipo mais comum de crédito pessoal. O cliente não precisa de informar a instituição financeira sobre a finalidade do empréstimo.

  • Crédito pessoal com finalidade específica: é um empréstimo destinado a uma finalidade específica, como a aquisição de um automóvel ou a realização de uma viagem.

Quais os principais motivos para pedir um crédito pessoal?

Os motivos para pedir um crédito pessoal podem ser variados. Alguns dos mais comuns são a aquisição de bens de consumo duráveis: o crédito pessoal pode ser utilizado para a compra de bens de consumo duráveis, como eletrodomésticos, automóveis, móveis ou equipamentos.

Também pode ser pedido crédito para a realização de despesas inesperadas. Neste caso, o crédito pessoal pode ser uma solução para despesas inesperadas, como uma reforma, uma viagem ou um tratamento médico.

Também se pode pedir crédito para pagamento de dívidas com juros mais altos, como as dívidas do cartão de crédito ou do cheque especial. Por último, o crédito pessoal pode ser utilizado para investir em projetos pessoais ou profissionais, como a abertura de um negócio ou a educação.

Aprofunda:

Investimento: o que é e quais os objetivos

Investimento é a aplicação de capital com a expectativa de um benefício futuro. Por outras palavras, é o ato de comprar algo com a expectativa de que esse algo valha mais no futuro do que vale hoje.

Os objetivos do investimento podem ser variados, mas os principais são:

  • Obter lucro: o objetivo mais comum do investimento é obter lucro. Quando se investe, espera-se que o valor do investimento aumente ao longo do tempo, de forma a gerar um retorno financeiro superior ao valor investido inicialmente.

  • Proteger o capital: o investimento também pode ser utilizado para proteger o capital contra a inflação. Quando a inflação aumenta, o valor do dinheiro diminui. Investindo, é possível preservar o valor do capital, mesmo que a inflação esteja alta.

  • Atingir objetivos financeiros: o investimento pode ser utilizado para atingir objetivos financeiros específicos, como a compra de uma casa, a reforma ou a educação dos filhos.

Descobre ainda:

Utilizar crédito pessoal pode ser favorável

Há vários nomes bem conhecidos do mundo financeiro que dizem que é boa ideia pedir um crédito a uma taxa de juro baixa e utilizar o capital para obter retornos mais elevados, fazendo uma espécie de arbitragem. Os argumentos mais usados a favor são:

  • Aumento do potencial de retorno;

  • Acesso a oportunidades de investimento que não seriam possíveis sem o crédito;

  • Possibilidade de acelerar o crescimento do património.

Só que existe um pequeno senão

Os custos com os créditos são fixos (juros, comissões e encargos) e os investimentos com retornos acima dos custos que se têm com o crédito não costumam ter capital garantido.

Estaremos então a investir com alavancagem, o que não costuma acabar bem ou ter bons resultados.

Pedir crédito pessoal para investir não é então a melhor prática

Na minha opinião, o investimento deve surgir como consequência da poupança. Mesmo investindo com o dinheiro poupado, só depois de teres constituído um fundo de emergência, como já foi abordado noutro artigo, é que deves considerar esta opção.

Os investimentos racionais são por norma a longo prazo, se estiveres pressionado para pagar as dívidas com o dinheiro que tens para investir, vais tomar decisões erradas e é provável que tenhas de assumir perdas que não aconteceriam se estivesses a investir com capital de que não precisas a curto prazo.


Catarina Borja
Catarina Borja
Especialista em Investimentos