Não existe investimento sem poupança, mas será que estás a “ficar para trás” ao não investir as tuas economias? A escolha entre poupança e investimento é uma decisão crucial que muitos indivíduos enfrentam ao planear o seu futuro financeiro. Por um lado, a poupança oferece segurança e liquidez imediata, por outro, os investimentos têm o potencial de gerar retorno a longo prazo. A escolha entre uma ou outra abordagem depende de diversos fatores, que exploramos neste artigo. Sabe como considerar os prós e contras de cada opção, e toma decisões financeiras informadas.
Quando devo passar de poupar unicamente para começar a investir?
A poupança é a base de tudo e sem ela não pode haver investimento. A melhor forma de poupar é retirar, logo à partida, parte do teu rendimento. Idealmente, deverás colocar esse valor numa conta de um outro banco ou num produto de baixo risco, onde não consigas aceder facilmente.
Podes começar a investir assim que começas a poupar, desde que esse investimento seja feito em produtos de risco zero, como certificados de aforro ou depósitos a prazo.
Apenas quando tiveres poupado o equivalente a seis meses de despesas, ou seja, assim que tiveres constituído o teu fundo de emergência, deverás pensar noutro tipo de investimentos.
O que é o fundo de emergência e quanto dinheiro devo ter?
Tal como o nome indica, um fundo de emergência deve servir para colmatar as despesas em caso de uma emergência: uma doença, perda dos rendimentos do trabalho ou do negócio.
O ideal será ter seis meses das tuas despesas mensais neste fundo.
Por exemplo, se as tuas despesas mensais forem de 1500 euros, deverás ter:
1500 € * 6 = 9000 €
Se começares a investir em outros produtos sem ter esta base antes, o risco de vires a sofrer perdas é bastante elevado.
Porquê? Porque os mercados são cíclicos e podes ser forçado a vender os teus investimentos numa altura em que os mercados estão em queda, e com isso perder parte do capital investido.
Os investimentos devem ser feitos com dinheiro de que não irás precisar no curto prazo, para que possas tomar decisões que são economicamente racionais e não decisões forçadas por necessidades de liquidez de curto prazo.
Fazer investimento com pouco vale a pena?
Se não queres esperar até ter o teu fundo de emergência completo e começar a investir numa ótica de aprendizagem, podes fazê-lo. Há produtos ou ações às quais não terás acesso por estar a investir com um montante muito reduzido.
Nesta situação, no entanto, deverás ter especial atenção às seguintes questões:
Quais as comissões a pagar? Não deves investir de forma a pagar mais de 2% de comissões. Exemplo: se vais investir 100 euros por mês, não deves pagar mais de 2 euros em comissões.
Tens dívidas de cartão de crédito? Neste caso, dificilmente conseguirás um investimento que te dê um retorno superior.
Não existe investimento sem poupança, pelo menos em teoria. Há quem pense em investir com crédito, chamando-se a isto alavancagem. A alavancagem é arriscada e pode levar à ruína dos investidores. Desta forma apenas deverá investir com dinheiro que poupou previamente e que não lhe irá fazer falta nos próximos anos.
Mas também existem vantagens em começar a investir com montantes reduzidos, a saber:
Irás criar o hábito de investir, quanto mais cedo melhor e mais fácil será;
Terás maior tolerância às perdas;
Farás aprendizagens com montantes mais reduzidos.
O que seria a situação ideal?
Vamos imaginar a família Ferreira. Recebem 3.000 euros por mês e têm despesas de 2.000 euros mensais. Como lhes sobra 1000 euros mensalmente, decidem começar a fazer o seu fundo de emergência, mas ao mesmo tempo querem começar a perceber como funcionam os investimentos. Decidem então colocar 900 euros por mês (incluindo os subsídios de férias e de Natal) no fundo de emergência e investir 100 euros em ações.
Objetivo para o Fundo de emergência (FE): 2.000 € x 6 = 12.000 €
Tempo para conseguirem ter o FE: 12.000 € / 900 € = 13,3 meses
Ou seja, num ano, a família Ferreira conseguiu ter o seu fundo de emergência. E agora?
Durante esse mesmo ano estudaram e testaram os investimentos em ações e decidem que irão canalizar parte do que estavam a poupar para o fundo de emergência para investir em ações. Como têm um perfil dinâmico, decidem alocar 50% da poupança para ações, ou seja, 500 euros por mês, e os outros 50% em certificados de aforro.
Em novembro de 2023, a rentabilidade dos Certificados de Aforro estava nos 2,5%. Se se mantivesse constante e se todos os lucros fossem reinvestidos – considerando a taxa de 28% sobre os juros obtidos com os certificados de aforro – passado 30 anos, os 500 euros por mês seriam transformados em 235.929 euros:No caso das ações – considerando uma rentabilidade das Ações de 10,42% (retorno no S&P500 nos últimos 100 anos incluindo o reinvestimento de dividendos) – ao fim de 30 anos a família Ferreira teria, com os mesmos 500 euros investidos, 972.359 euros:
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Perguntas e respostas rápidas
Devo investir com crédito?
Nunca deves investir com crédito, mesmo que te pareça uma ideia atrativa. 99% dos investidores que o faz acaba por perder todo o seu capital.
Devo investir o meu fundo de emergência?
O fundo de emergência, tal como o nome indica, serve para fazer face a emergências. Se o investires em produtos que podem desvalorizar, ele acaba por perder o seu propósito e podes ter de assumir perdas por vender no momento errado.
Qual a percentagem do rendimento que devo poupar/investir?
No mínimo, deverás tentar poupar 10% do que ganhas, sendo que inicialmente deves alocar este valor ao fundo de emergência. Mais tarde, podes investir noutras alternativas para procurar maior rentabilidade.
Qual o horizonte temporal que devo ter para os meus investimentos?
O ideal será ter um horizonte temporal mínimo de 10 anos, isso dará tempo para que os ciclos económicos, que normalmente duram entre 6 a 10 anos, não se reflitam nos teus investimentos.