Nos anos 90 e no início do novo milénio, o sonho de comprar uma casa e um carro e ainda todas as facilidades que passaram a existir relativamente à aquisição de crédito ao consumo contribuíram para uma classe média atolada em encargos com despesas.
Se te encontras, neste momento, com dificuldades em cumprir com os teus pagamentos, poderás estar a entrar numa espiral de dívida. Neste caso, não tenhas receio e procura aconselhamento financeiro por parte de instituições preparadas para tal. Se tens vários créditos, o ideal será juntares todos num só, ficando a pagar uma única prestação mensal.
Assim, tem atenção a estes cinco alertas e reage rapidamente.
1. O teu rácio de endividamento excede 80%
O rácio de endividamento (que também poderá ser designado por taxa de esforço) mede a capacidade de um indivíduo fazer face às suas dívidas consoante as receitas de que dispõe. Para calculá-lo (de uma forma simples e acessível a qualquer pessoa), basta que dividas o total de todas as tuas prestações mensais referentes a empréstimos pelo teu salário mensal.
Suponhamos que ganhas 950 euros por mês e que os teus encargos mensais com todos os empréstimos que tens ascendem a um total de 750 euros. Neste caso, só te sobram 200 euros por mês. Nota quão precária se afigura esta situação e repara que, caso te surja alguma emergência, poderás começar a falhar nas tuas prestações.
Se o rácio do teu endividamento for de 100% ou mais (ou seja, deves mais que o montante que podes pagar todos os meses), terás de arranjar um plano de reestruturação da tua dívida.
Em Portugal, existem seis instituições que te podem auxiliar neste sentido, prestando-te aconselhamento financeiro:
Instituto do Endividamento;
Instituto do Cliente – Gabinete de Apoio ao Crédito e Endividamento
APOIARE – Associação Portuguesa para Observação, Investigação e Apoio na Reeducação em Matéria de Endividamento;
GAS – Gabinete de Apoio ao Sobre-endividado;
GAT – Gabinetes de Apoio Técnico (Portal de Reestruturação, Recuperação e Insolvência de Empresas e Pessoas Singulares);
Fundação Agir Hoje.
Ressalvamos que, em caso de já teres entrado em processo de insolvência, deves recorrer especificamente ao GAT, ao passo que as restantes instituições acima mencionadas devem ser consultadas numa fase anterior a casos extremos.
2. Os teus pedidos de crédito são rejeitados constantemente
De cada vez que tentares obter um empréstimo ou requisitar um cartão de crédito, o banco em questão irá verificar o teu Mapa de Responsabilidades de Crédito, ou seja, irá averiguar o teu historial de crédito no sentido de perceber se tens alguns créditos em incumprimento.
Alguns consumidores já endividados utilizam a técnica de pedir um crédito mais barato (isto é, com uma taxa de juro mais reduzida) para pagar outro empréstimo. Contudo, tem atenção: uma atitude deste género poderá conduzir-te a uma situação de sobre-endividamento, gerando um “efeito bola de neve”.
Se não estiveres a conseguir obter um empréstimo, poderá ser porque não tens um bom historial, porque estás em incumprimento com algum crédito ou ainda porque a tua taxa de esforço se encontra acima do limiar aceitável. Este é um sinal de que estás a caminhar para o sobre-endividamento.
3. Não consegues pagar mais que o montante mínimo
Se não estás a conseguir fazer os pagamentos mínimos do cartão de crédito, então as tuas obrigações excedem o seu rendimento e precisarás de reestruturar a sua dívida. Caso consigas apenas pagar o mínimo das prestações, continuas a incorrer em dívida.
Nota que os pagamentos mínimos podem não ser suficientes para cobrir os encargos mensais com juros. Por exemplo, se o juro do teu empréstimo for de 70 euros por mês e só conseguires pagar o mínimo deste juro, que vamos assumir que será de 50 euros, então não te encontras capaz de cobrir os teus encargos mensais com juros na totalidade.
Se te encontras nesta fase, deverás procurar aconselhamento o mais breve possível.
4. Tens de escolher entre necessidades primárias e o pagamento das dívidas
Se todos os meses és confrontado com a escolha entre alimentar-te de forma correta ou pagar as tuas dívidas, encontras-te claramente numa situação de crise.
É normal que algumas dívidas possam causar dificuldades no teu estilo de vida – podes ter de desistir de umas férias ou deixar de comprar aqueles sapatos que querias. Todavia, repara que não é suposto estares a debater-te com necessidades básicas, como alimentar-te, pagar o teu passe de transporte ou a mensalidade do teu telemóvel, por exemplo.
5. Ganhas mais que a média salarial, mas não consegues pagar as tuas prestações
Se ganhas mais que a média salarial em Portugal mas, ainda assim, encontras dificuldades em pagar os teus empréstimos, o teu nível de endividamento pode estar descontrolado.
Atrasas-te constantemente nos teus pagamentos e deixas mesmo de pagar alguns empréstimos todos os meses? Possuis algumas dívidas que continuam sem ser liquidadas ao fim de 90 dias? Se a resposta é positiva, deves considerar que te encontras em crise.
A solução: agir rapidamente
Estar nesta situação económica poderá afetar o teu nível de bem-estar e ter consequências nefastas para ti e para a tua família. Quanto mais rápido procurares auxílio, contactando uma instituição de aconselhamento financeiro, mais rapidamente controlarás a tua dívida e mais depressa a tua vida voltará ao normal.
O que estas organizações vão fazer é atuar como intermediários em teu nome e renegociar as taxas de juro com os credores, de maneira a evitar o efeito bola de neve. Dois a três meses podem fazer a diferença entre uma dívida que demora alguns anos a pagar e outra que te levará à falência.