Se estás a pensar pedir um crédito habitação, já deves ter ouvido falar no valor residual. Mas o que significa exatamente? Como pode afetar o teu empréstimo e, mais importante, será uma boa opção para ti? Explicamos-te tudo.
O que é o valor residual no crédito habitação?
O valor residual é um montante que fica por pagar no final do prazo do crédito habitação. Ou seja, em vez de liquidares a totalidade do empréstimo ao longo dos anos, deixas uma parte para ser paga numa última prestação.
Como funciona na prática?
Ao contratares um crédito habitação com valor residual, defines um montante que ficará pendente para o final do contrato (por exemplo, 10% ou 20% do valor do empréstimo). Durante o prazo do financiamento, as tuas prestações mensais são mais baixas, uma vez que não estás a amortizar o total do crédito. No fim do contrato, terás de pagar esse montante de uma vez ou refinanciá-lo.
Esta modalidade de pagamento de financiamentos é comum em situações como:
Quem tem a necessidade de comprar casa e adquire um crédito à habitação, mas não tem capacidade para pagar o montante mensal normal para o crédito financiado. Desta forma, optam pelo valor residual e despendem menos dinheiro no fim do mês para pagar as prestações à entidade bancária;
Crédito à habitação para casas em construção, onde ainda não se está a habitar no imóvel e têm muitas outras despesas.
Vale a pena utilizar o valor residual?
Depende do teu perfil financeiro e dos teus objetivos. Aqui estão algumas vantagens e desvantagens para te ajudar a decidir:
Vantagens
Prestações mais baixas – Como parte do crédito é adiada para o final, as mensalidades ficam mais acessíveis.
Melhor gestão do orçamento – Se tens outras despesas ou queres investir o dinheiro de outra forma, pode ser uma boa solução.
Possibilidade de renegociação – No fim do prazo, podes tentar refinanciar o valor residual ou até vender a casa para pagar essa última parcela.
Desvantagens
Dívida adiada – Vais continuar a ter um montante significativo para pagar no fim do contrato.
Mais juros pagos ao longo do tempo – Como a dívida é maior durante mais tempo, pagas mais juros.
Necessidade de poupança – Para evitares surpresas no final, precisas de planear como vais pagar o valor residual.
Vamos a um caso prático?
Imagina que a Maria quer comprar uma casa de 200.000 euros e pede um crédito habitação a 30 anos com uma taxa de juro de 3%.
Opção 1: Sem valor residual
O empréstimo é totalmente amortizado ao longo dos 30 anos.
A prestação mensal ronda os 843 euros.
Opção 2: Com 20% de valor residual
A Maria deixa 40.000 euros para pagar no final do contrato.
A prestação mensal baixa para 722 euros, poupando 121 euros por mês.
No final dos 30 anos, precisa de pagar os 40.000 euros de uma vez ou refinanciá-los.
Neste caso, se a Maria conseguir investir a diferença das prestações em algo rentável, pode fazer sentido optar pelo valor residual. Caso contrário, pode ser um risco financeiro.
O valor residual no crédito habitação pode ser uma boa opção para quem quer reduzir as prestações mensais, mas é essencial ter um plano para pagar o montante final. Antes de tomares uma decisão, avalia bem as tuas finanças e compara as diferentes opções disponíveis no mercado.