Colocar o dinheiro a trabalhar por ti. Esta é, de forma simplificada, a principal vantagem de criar uma conta poupança, a opção de milhares de portugueses que procuram preservar o seu património e manter a liquidez. Descobre o que são, quais as vantagens (e limitações), como escolher, e quais as 6 melhores do momento.
O que é uma conta poupança?
Uma conta poupança é um tipo de conta bancária na qual se vai depositando um determinado montante periodicamente e que, ao fim de um determinado prazo, rende juros.
Nenhum destes produtos é igual, sendo que existem diversos fatores que devem ser considerados para que possa escolher o melhor para ti.
Características a considerar para escolher uma conta poupança
1. Modalidade
Uma conta poupança pode ter duas modalidades diferentes.
Por um lado, é possível ter uma conta poupança a prazo. Estas são normalmente designadas de depósitos a prazo, sendo que o titular não pode retirar dinheiro sob penalização (parcial ou total) dos juros obtidos. Para além disso, e tal como o próprio nome indica, têm um prazo definido e, por norma, não são renováveis automaticamente.
Por outro lado, uma conta poupança pode também ser à ordem. Nestes casos, a movimentação do dinheiro depositado é feita através da conta à ordem do cliente. Será nesta última categoria que aqui se incidirá.
2. Montantes de constituição
O primeiro fator a considerar reside no montante mínimo e máximo de constituição desta poupança. Estes produtos financeiros são direcionados para todos os tipos de carteiras, podendo ser subscritos com valores mais ou menos elevados (por exemplo, tanto podes abrir com 25 euros como com 500 euros).
Por norma, montantes mais elevados permitem obter maior rendimento pois é sobre o valor que o cliente detém na conta poupança que os juros são calculados. No entanto, a taxa de juro associada a este produto também é um fator determinante para a sua rentabilidade.
3. Taxas de juro
As taxas de juro aplicadas aos produtos financeiros de poupança são diferentes das que são destinadas aos créditos.
Neste caso, as taxas utilizadas são a TANB (Taxa Anual Nominal Bruta) e a TANL (Taxa Anual Nominal Líquida). A TANB é a mais comummente apresentada pelos bancos, mas, no fundo, é para a TANL que o consumidor deve olhar uma vez que esta representa o valor real dos juros após a dedução de impostos.
4. Prazo de constituição
O prazo de constituição destes produtos é muito variável, dependendo exclusivamente da conta em si. Existem contas poupança com prazos de um mês, três meses, seis meses, um ano e por aí adiante.
Na realidade, o prazo escolhido irá depender do objetivo do consumidor e poderá ser, ou não, crucial na decisão entre uma ou outra conta poupança, isto porque o resgate do montante depositado antes do fim do prazo pode levar à perda dos juros.
Imagina que tens intenção de economizar para as próximas férias que ocorrerão daqui a 6 meses. Nesta situação, deves optar por um produto com este prazo de constituição pois, caso escolhas um produto com uma duração superior (12 meses, por exemplo), poderás perder o valor total de juros ao resgatar o montante antecipadamente.
5. Vencimento de juros
O vencimento de juros pode, ou não, estar diretamente relacionado com o prazo de constituição da conta poupança. Por um lado, existem contas poupança cujo pagamento de juros é efetuado aquando do término do prazo estipulado, enquanto, por outro lado, é possível constituir com um prazo mais longo e um vencimento de juros repartido.
Imagina que abriste uma conta poupança com 100 euros a 12 meses e com um vencimento de juros a cada seis meses. Nos primeiros seis meses, a taxa de juro contratada irá incidir sobre os 100 euros. Nos restantes seis meses, essa mesma taxa irá incidir sobre o montante acumulado (100 euros mais os juros dos primeiros seis meses).
6. Reforços
Uma conta poupança é como um mealheiro porque, por norma, é possível fazer reforços (isto é, depositar mais dinheiro que aquele com que abriste a conta) sempre que quiseres. Existem dois tipos de reforços: pontuais e programados (que podem, ou não, estar disponíveis no produto escolhido).
Os reforços pontuais são aqueles que o cliente faz sempre que quiser. Em resumo, sempre que puderes colocar mais algum dinheiro na tua conta poupança, esta ação tem o nome de reforço pontual. Dependendo da poupança, este tipo de reforço pode, ou não, ter um valor mínimo estipulado.
É sempre útil ter esta opção disponível. Imagina que ganhas um prémio no teu trabalho e que pretendes aplicar esse valor: poderás guardá-lo na tua conta poupança. Podes ainda colocar parte do teu subsídio de férias neste produto.
Já os reforços programados funcionam de forma diferente: nestes acordas um valor específico com o banco e essa quantia é-te retirada de forma periódica – mensal, semestral, trimestral, entre outros – da tua conta à ordem diretamente para a poupança.
Esta última opção é uma boa forma de ires acumulando poupanças se tens dificuldade em controlar o teu dinheiro, pois, deste modo, acabas por não gastar esse montante nas tuas despesas mensais.
7. Mobilização antecipada
Quanto ao reembolso antecipado, é possível fazê-lo de duas formas diferentes: parcial ou total. Nem todas as instituições financeiras o permitem, pelo que é outro fator a considerar.
O mais comum é que a instituição financeira não te penalize por fazeres um reembolso total ou parcial do valor que deténs na conta poupança.
8. Renovação
Por norma, as contas poupança têm renovações automáticas. Isto significa que, após o término do prazo estipulado, a conta poupança é constituída novamente de forma automática, sem necessidade de entrar em contacto com a instituição financeira.
No entanto, é importante teres cuidado e leres atentamente a FIN – Ficha de Informação Normalizada – disponibilizada pelos bancos, isto porque poderás ter de avisar com alguns dias de antecedência do final do prazo caso não pretendas que esta seja renovada.
Isto poderá acontecer quando desejas terminar a poupança e utilizar o montante obtido, ou então se pretenderes negociar as condições deste produto com o banco ou até mesmo se desejares mudar para outro produto financeiro.
9. Condições de acesso
As condições de acesso à abertura uma conta poupança variam consoante a instituição financeira. De entre as mais comuns encontram-se a necessidade de teres, pelo menos, 18 anos de idade e de possuíres uma conta à ordem aberta nesse mesmo banco. Poderá ainda haver necessidade de teres homebanking ativo no caso de a abertura da conta só se poder fazer exclusivamente online.
Quais as vantagens e desvantagens deste produto?
Uma conta poupança permite ir juntando dinheiro ao longo do tempo sem que essa quantia esteja na conta à ordem e, assim, sem que se tenha a tentação de utilizar esse montante.
Para além disso, o valor que depositares estará assegurado pelo Fundo de Garantia de Depósitos – um mecanismo que garante o reembolso de depósitos bancários – até um máximo de 100 mil euros por depositante, por banco.
Tendo uma conta poupança, o montante depositado está sempre a render e, mesmo não tendo taxas de juro muito elevadas, a verdade é que acaba por ser mais vantajoso que ter as poupanças numa conta à ordem, ou mesmo muito mais seguro do que guardadas em casa.
Outro grande benefício reside no facto de, contrariamente ao que acontece com os depósitos a prazo, ser permitida a movimentação do montante depositado, total ou parcialmente, sempre que se quiser e sem penalização de juros (embora isto possa diferir de banco para banco).
Existem outros produtos de poupança, por norma com maior risco, que detêm taxas de juro mais competitivas e, portanto, que rendem mais. Para além disso, as contas poupança – por terem taxas de juro mais reduzidas – rendem mais a longo prazo, pelo que deves comprometer-te com o banco e com o produto financeiro escolhido para conseguires algum retorno.
Como abrir conta poupança?
A abertura de uma conta poupança é um processo muito simples e rápido.
Uma vez que é comum o titular da conta poupança ser também titular de uma conta à ordem na mesma instituição financeira, muitas vezes apenas necessitas de escolher a poupança mais indicada para ti e aceder ao homebanking para efetuar a subscrição deste produto financeiro.
Caso o consumidor ainda não seja cliente de determinada instituição, basta deslocar-se a um balcão do banco no qual pretende ter uma conta poupança e abrir uma conta à ordem, em primeiro lugar, entregando a documentação necessária. Muitos bancos permitem constituir a poupança de imediato, facilitando ainda mais o processo.
Como comparar e escolher a melhor conta poupança?
Em primeiro lugar, deves analisar todo o mercado e não te restringires apenas às contas poupança do banco no qual és cliente, pois podem existir produtos mais competitivos noutras instituições que vale a pena considerar.
Depois deves definir qual o montante a aplicar para poderes comparar apenas as contas poupança que permitem esse valor. Sabe ainda qual a taxa de juro aplicada – olha sempre para a TANL – e faz as contas para saber qual a sua rentabilidade.
Para escolher a melhor conta poupança, é importante saber se a solução em causa permite mobilizações antecipadas e se detém penalização, bem como se te permite fazer reforços para ir aumentando a poupança.
Em resumo, precisas de adequar o produto financeiro às tuas necessidades e às tuas expectativas para que tenhas a melhor conta poupança para ti e, em última instância, para que possas aumentar a cada mês o montante economizado.
6 contas poupança que vale a pena conhecer
Estas são as 6 contas poupança que vale a pena conheceres nas principais instituições bancárias:
1. ActivoBank, Conta Poupança Escolha o Prazo
A Conta Poupança “Escolha o Prazo”, do ActivoBank tem uma constituição mínima de apenas 1 euro. A taxa de juro, que depende do prazo escolhido, começa nos 0,25% (TANB) para prazos de 1 a 91 dias, e vai até 0,5% (TANB) dos 366 a 1800 dias. São permitidos reforços e mobilização antecipada, mas com penalização de juros.
2. Banco CTT, Conta Poupança Livre
A Conta Poupança “Livre”, do Banco CTT, concede liberdade total para criar bons hábitos de poupança, sendo possível mobilizar e reforçar a qualquer altura.
A taxa de juros é de 0,50%, sem prazo nem mínimos de constituição. Os juros são pagos trimestralmente.
3. Caixa Geral de Depósitos, Depósito Pequeno Aforrador
A conta poupança “Depósito Pequeno Aforrador”, da Caixa Geral de Depósitos, destina-se a clientes com pequenas poupanças. Obriga a um mínimo de constituição de 500 euros (e máximo de 5.000 euros), e oferece uma taxa de juro anual nominal bruta de 0,15% com o prazo mínimo de 1 ano.
Não são permitidos reforços e a mobilização antecipada penaliza os juros. Também não é renovável.
4. Millennium BCP, Conta Poupança Aforro
Na Conta Poupança “Aforro”, do Millennium BCP, não há entregas obrigatórias nem montantes fixos. Pode ser reforçada todos os meses ou quando preferires, e as taxas de juro variam a cada semestre entre os 0,10% a 0,20% (TANB).
O prazo mínimo é de 6 meses e o montante de constituição vai de 25 a 100.000 euros. São permitidos reforços e mobilização antecipada, mas com penalização de juros. É renovável até 29 semestres.
5. Novo Banco, Conta Poupança Reformado 12 meses
A Conta Poupança “Reformado 12 meses”, do Novo Banco, pode ser constituída a partir de 250 euros e destina-se a pessoas em situação de reforma.
A TANB é 0,10% e o prazo é de 12 meses. Permite reforços e mobilização antecipada, com penalização.
6. Caixa Geral de Depósitos, Depósito a Prazo a 15 meses
A conta poupança “Depósito a Prazo a 15 meses”, da Caixa Geral de Depósitos, foi pensada para clientes que dispõem de maiores quantias, dando acesso a uma taxa de 0,10% ou 1,10% (dependendo do montante e prazo).
O montante mínimo de constituição é de 100.000 euros e não é mobilizável durante 15 meses. Também não é renovável.
Cuidados a ter ao constituir uma conta poupança
Se estás a pensar em abrir uma conta poupança, é importante considerares alguns critérios para fazeres a escolha acertada. Ao fazer a tua pesquisa, tem em conta as condições que são mais vantajosas para o teu caso.
Por exemplo, verifica se a conta poupança permite automatizar as entregas. Esta possibilidade pode ser especialmente vantajosa para garantir que a poupança é mesmo colocada de parte, ao invés de esperares pelo final do mês para ver o que sobra. Nessa altura, podes não conseguir fazer a entrega. Assim, não precisas de te preocupar constantemente em colocar o montante de parte e há menor tentação de o gastar, dado que o acesso é mais restrito.
Outro fator decisivo para a tua escolha é a possibilidade de mobilização do capital. Se estás a constituir uma conta poupança para criar um fundo de emergência, é importante que possas aceder facilmente às tuas poupanças, sem penalizações nos juros nem encargos de resgate. Por outro lado, se já tens o teu fundo de emergência criado, poderás considerar contas poupança que não permitam a mobilização, já que, na maior parte dos casos, as restantes condições são mais vantajosas.
Considera também o prazo da conta poupança mais adequado ao teu objetivo. Se queres poupar para ir de férias ou para comprar um carro, as opções com prazos mais curtos podem ser uma boa solução. Por outro lado, se estiveres a poupar para a reforma, poderás analisar alternativas a médio e longo prazo, para obter o melhor fundo de poupança possível quando deixares de trabalhar.