Os jovens portugueses estão a assumir um papel de destaque no mercado de crédito à habitação, representando cerca de 48% dos novos contratos celebrados em 2024, segundo os dados mais recentes do Banco de Portugal. Esta tendência demonstra um crescente interesse da geração mais jovem na compra de casa própria, apesar dos desafios económicos e das condições exigentes no acesso ao crédito.
O relatório revela que a faixa etária até aos 35 anos foi a principal impulsionadora da procura de crédito à habitação no último ano. Este fenómeno reflete uma combinação de fatores, como a vontade de sair do arrendamento, a valorização do investimento imobiliário e as medidas da habitação para jovens.
Apesar de representarem quase metade dos novos contratos, os jovens enfrentam desafios significativos. Os bancos têm adotado critérios mais rigorosos para a concessão de crédito, como limites às taxas de esforço, o que torna o processo mais desafiante para quem tem rendimentos mais baixos ou pouca poupança inicial.
Outro dado relevante é o aumento da duração dos contratos de crédito entre os mais jovens, que frequentemente optam por prazos superiores a 30 anos para reduzir o peso das prestações mensais. Esta decisão, apesar de viabilizar o acesso à habitação, representa um compromisso financeiro a longo prazo, numa altura em que o mercado de trabalho ainda é marcado pela instabilidade para muitos.
Os analistas preveem que a procura de crédito à habitação por jovens continuará a crescer em 2025, especialmente com a implementação da medida do 100% de financiamento. Contudo, alertam para a importância de medidas que equilibrem a oferta de habitação acessível com a sustentabilidade financeira das famílias.