Os fundos de investimento são uma das opções mais utilizadas por investidores em busca de um rendimento adicional com boas perspetivas de rentabilidade e algum risco associado. No entanto, a enorme diversidade de fundos, com diferentes composições de ativos, maturidades e objetivos, pode tornar a escolha do investimento particularmente desafiante, mesmo para profissionais.
Descobre o que é um fundo de investimento, quais os benefícios e riscos, e o que ter em conta para escolher.
O que são fundos de investimento e como funcionam?
Os fundos de investimento são produtos financeiros compostos pelo capital de múltiplos investidores (particulares, empresas ou mesmo Estados) e que investem em dezenas ou até centenas de ativos diferentes, como:
Ações;
Obrigações;
Matérias-primas;
Investimentos alternativos;
Como o montante total do fundo é superior ao que cada investidor poderia investir individualmente, este vínculo confere acesso a opções de maior envergadura e, idealmente, melhores perspetivas de rentabilidade e estabilidade.
Ao subscrever um fundo, os investidores passam a ser proprietários de Unidades de Participação (UP), de igual valor para todos os participantes. As UP são cotadas diariamente e representam a valorização atualizada do fundo. A evolução do preço dos ativos que compõem o fundo fará oscilar o valor do seu investimento. Pode acontecer que todas as cotações do ativo subam, que todas desçam ou que umas subam e outras desçam.
Outro ponto a reter sobre os fundos de investimento é que os investidores não têm poder de influenciar as decisões de utilização do capital - estes produtos são geridos exclusivamente por profissionais, e cabe a estes a decisão das ações a investir e do capital a utilizar, de acordo com a análise do mercado que efetuam e a política estabelecida para o fundo (que podes consultar antes de subscreveres).
Por fim, antes de tomares qualquer decisão, deves ter em conta que nos fundos existe o risco de perda total do capital investido.
Que tipos de fundos de investimento existem?
Obrigações;
Mistos;
Imobiliários.
Existem vários tipos de fundos de investimento, que se adequam a diferentes objetivos, perfis de risco e prazos.
Fundos de obrigações
Quem compra um fundo de obrigação está a emprestar dinheiro a um país ou a uma empresa, em troca do compromisso em receber a devolução do capital emprestado, adicionando os juros entretanto acumulados, que constituem um rendimento periódico. Esta é uma forma de entidades recetoras se financiarem; o capital que recebem da emissão de obrigações é visto como um empréstimo.
Regra geral, o investimento neste tipo de fundos exige um capital inicial mais elevado do que outras opções. Como contrapartida, o risco tende a ser mais reduzido, pois o capital é assegurado por uma entidade estável de grandes dimensões. Mas, claro, no que toca a investimentos não há “risco zero”.
Fundos de ações
Os fundos de ações funcionam da mesma forma, com a diferença que se aplicam a frações do capital social de uma empresa, passando o investidor a ser acionista dessa sociedade. Por exemplo, um fundo de investimento em ações americanas pode conter ações de 50 ou 60 empresas ao mesmo tempo.
A evolução das cotações (e o retorno do investimento) passa assim a depender de fatores intrínsecos à atividade e gestão da empresa, para além das volatilidades normais do mercado e da sociedade em geral.
Os investidores que participam neste tipo de fundos devem ter um perfil de risco mais arrojado: por um lado, procuram uma rentabilidade mais elevada e, por outro, suportam uma maior exposição aos riscos de perder capital.
Fundos Mistos
Os fundos mistos, como o próprio nome indica, são fundos que conjugam as características dos fundos de obrigações e dos fundos de ações. Ou seja, num único fundo combinam-se diferentes classes de ativos, como ações e obrigações. É uma forma de aceder a uma carteira amplamente diversificada, reduzindo o risco e perspetivas de rentabilidade, em função da maior ou menor alocação de capital a cada ativo.
Adapta-se a diferentes perfis de investidores:
Investidor mais conservador, maior percentagem de obrigações;
Investidor mais ousado, maior percentagem de ações.
Fundos Imobiliários
Ao contrários dos anteriores, que investem em ativos mobiliários , como obrigações e ações, os fundos de investimento imobiliário investem em ativos como:
Imóveis;
Terrenos;
Geram um rendimento estável e são uma forma de aceder ao mercado imobiliário, sem necessidade de investir o valor total de entrada, relacionado com a compra.
Existem ainda muitos outros tipos de fundos , quem investem em Depósitos e até Certificados do Tesouro.
Quais os benefícios e riscos associados aos fundos de investimento?
Participar num fundo de investimento traz várias vantagens. A principal é beneficiar do conhecimento e experiência do gestor de fundo e também dos especialistas que o apoiam. Esta gestão ativa em equipa permite ajustar o melhor momento de transação de acordo com o mercado financeiro e, dessa forma, tentar obter melhor rentabilidade.
Além disso, os fundos são uma forma de entrares noutros mercados e setores aos quais não terias acesso se investisses a título particular - atendendo aos montantes elevados que são necessários para investir diretamente. Por outro lado, são um veículo diversificado por natureza o que, regra geral, acarreta menos risco do que investir apenas em ações de uma única empresa.
Contudo, existem também alguns riscos que deves considerar antes de participares em fundos de investimento. O conhecimento e a experiência do gestor do fundo e dos especialistas não garantem rentabilidade. Aliás, os fundos de investimento não têm capital nem taxas garantidas.
A perda será tanto maior quanto a desvalorização dos ativos, que se encontra dependente de flutuações fora do controle dos intervenientes.
Influência de fatores externos:
Matérias-primas;
Câmbios;
Eventos sociais ou mundiais.
Um histórico de elevadas rentabilidades passadas não é garantia para o futuro.
A regra basilar de qualquer decisão financeira aplica-se também aos fundos de investimento: quanto maior a rentabilidade, maior o risco. Assim, para tomar uma decisão consciente e ponderada, analisa bem os riscos e vantagens para a tua situação em particular.
Como participar em fundos de investimento?
Se estás a pensar em investir, segue estas 5 dicas que vão te ajudar a definir uma estratégia de investimento.
1. Define o teu perfil de risco
Qualquer investimento que faças acarreta sempre algum grau de risco. Por isso, antes de avançares, é importante saberes como lidas com o risco inerente à operação. Para ajudar nesse processo de introspeção, procura classificar o teu perfil de risco, em baixo, médio ou elevado.
Preferes investimentos seguros? Estás disposto a correr riscos para ter maiores rentabilidades? Estás preparado para perder todo o capital investido? As respostas a estas perguntas vão ajudar-te a encontrar o teu perfil de risco.
Se respondeste positivamente apenas à primeira pergunta, provavelmente os fundos de investimento não são para ti. Contudo, as respostas afirmativas às seguintes já abrem a possibilidade de participares em fundos de investimento.
2. Tem em conta a liquidez do fundo de investimento
O cenário ideal seria existir um fundo de investimento com grande potencial de rentabilidade a curto prazo e que permitisse, em simultâneo, a entrada e saída dos investidores sempre que desejassem. Contudo, o cenário real é bem diferente. Se não consegues lidar com a volatilidade do fundo, deves evitar fundos que não permitem levantamentos a qualquer momento.
Por outro lado, os fundos de investimento procuram participantes que aceitem o risco a longo prazo; normalmente, os fundos de maior risco podem implicar prazos de investimento superiores a 5 anos. Assim, toma tempo para decidir o período temporal durante o qual estás disposto a investir, com os riscos associados.
3. Verifica a consistência das rentabilidades
Consulta a informação do fundo de investimento. Nos documentos deves encontrar todas as características do fundo, como:
Entidade gestora;
Política de investimentos;
Fiscalidade;
Composição da carteira.
Verifica se o fundo possui consistência nas suas rentabilidades; dito de outro modo, se existe um histórico de vários anos de retornos positivos. Desta forma, poderás avaliar se o fundo onde estás a pensar investir possui rentabilidade positiva ao longo do horizonte temporal que definiste para ti.
4. Diversifica o investimento
Uma das boas práticas de investimento em fundos é a diversificação. Dividindo todo o teu investimento por fundos de maior risco e menor risco, terás maior probabilidade de obter rentabilidades médias positivas.
Além disso, diversifica de acordo com o teu perfil de risco. Se não estiveres disposto a arriscar, investe uma maior percentagem de capital em fundos de menor risco (sabendo, porém, que a rentabilidade será menor) e vice-versa.
5. Está preparado para o longo prazo
Muitos investidores ainda vêm nos fundos de investimento uma oportunidade para gerar ganhos rápidos, a curto prazo. É possível que assim seja, em casos pontuais, mas construir riqueza de forma sustentável exige que se pense e invista a longo prazo.
Vantagens de longo prazo:
Redução do risco;
Maior rentabilidade;
Tempo para recuperar de quedas.
Para colher estes benefícios, os investidores que colocam dinheiro no mercado devem ser capazes de o manter pelo menos três a cinco anos, e quanto mais, melhor.
Concluindo…
Depois de ficarem bem esclarecidos todos os riscos e as potencialidades em termos de retorno que estes mecanismos podem oferecer, poderás, numa segunda fase, considerar o investimento em fundos.
Começa por planear uma estratégia de investimento coerente com o teu perfil de risco e com horizonte temporal adequado a ti. De seguida, poderás iniciar o processo junto das entidades comercializadoras autorizadas, como bancos ou instituições financeiras.