Fundos de investimento: o que são e como escolher?

Susana Pedro Editor: Susana Pedro

Estás a pensar em participar num fundo de investimento? Conhece as vantagens e os riscos a que deves estar atento e vê se este tipo de investimento é para ti.

Fundos de investimento o que são e como escolher_

Os fundos de investimento são uma das opções mais utilizadas por investidores em busca de um rendimento adicional com boas perspetivas de rentabilidade e algum risco associado. No entanto, a enorme diversidade de fundos, com diferentes composições de ativos, maturidades e objetivos, pode tornar a escolha do investimento particularmente desafiante, mesmo para profissionais. 

Descobre o que é um fundo de investimento, quais os benefícios e riscos, e o que ter em conta para escolher.

O que são fundos de investimento e como funcionam?

Os fundos de investimento são produtos financeiros compostos pelo capital de múltiplos investidores (particulares, empresas ou mesmo Estados) e que investem em dezenas ou até centenas de ativos diferentes, como:

  • Ações;

  • Obrigações;

  • Matérias-primas;

  • Investimentos alternativos;

  • Imobiliário.

Como o montante total do fundo é superior ao que cada investidor poderia investir individualmente, este vínculo confere acesso a opções de maior envergadura e, idealmente, melhores perspetivas de rentabilidade e estabilidade.

Ao subscrever um fundo, os investidores passam a ser proprietários de Unidades de Participação (UP), de igual valor para todos os participantes. As UP são cotadas diariamente e representam a valorização atualizada do fundo. A evolução do preço dos ativos que compõem o fundo fará oscilar o valor do seu investimento. Pode acontecer que todas as cotações do ativo subam, que todas desçam ou que umas subam e outras desçam.

Outro ponto a reter sobre os fundos de investimento é que os investidores não têm poder de influenciar as decisões de utilização do capital - estes produtos são geridos exclusivamente por profissionais, e cabe a estes a decisão das ações a investir e do capital a utilizar, de acordo com a análise do mercado que efetuam e a política estabelecida para o fundo (que podes consultar antes de subscreveres).

Por fim, antes de tomares qualquer decisão, deves ter em conta que nos fundos existe o risco de perda total do capital investido.

Que tipos de fundos de investimento existem?

  • Obrigações;

  • Ações;

  • Mistos;

  • Imobiliários.

Existem vários tipos de fundos de investimento, que se adequam a diferentes objetivos, perfis de risco e prazos.

Fundos de obrigações

Quem compra um fundo de obrigação está a emprestar dinheiro a um país ou a uma empresa, em troca do compromisso em receber a devolução do capital emprestado, adicionando os juros entretanto acumulados, que constituem um rendimento periódico. Esta é uma forma de entidades recetoras se financiarem; o capital que recebem da emissão de obrigações é visto como um empréstimo.

Regra geral, o investimento neste tipo de fundos exige um capital inicial mais elevado do que outras opções. Como contrapartida, o risco tende a ser mais reduzido, pois o capital é assegurado por uma entidade estável de grandes dimensões. Mas, claro, no que toca a investimentos não há “risco zero”.

Fundos de ações

Os fundos de ações funcionam da mesma forma, com a diferença que se aplicam a frações do capital social de uma empresa, passando o investidor a ser acionista dessa sociedade. Por exemplo, um fundo de investimento em ações americanas pode conter ações de 50 ou 60 empresas ao mesmo tempo.

A evolução das cotações (e o retorno do investimento) passa assim a depender de fatores intrínsecos à atividade e gestão da empresa, para além das volatilidades normais do mercado e da sociedade em geral.

Os investidores que participam neste tipo de fundos devem ter um perfil de risco mais arrojado: por um lado, procuram uma rentabilidade mais elevada e, por outro, suportam uma maior exposição aos riscos de perder capital.

Fundos Mistos

Os fundos mistos, como o próprio nome indica, são fundos que conjugam as características dos fundos de obrigações e dos fundos de ações. Ou seja, num único fundo combinam-se diferentes classes de ativos, como ações e obrigações. É uma forma de aceder a uma carteira amplamente diversificada, reduzindo o risco e perspetivas de rentabilidade, em função da maior ou menor alocação de capital a cada ativo.

Adapta-se a diferentes perfis de investidores:

  • Investidor mais conservador, maior percentagem de obrigações;

  • Investidor mais ousado, maior percentagem de ações.

Fundos Imobiliários

Ao contrários dos anteriores, que investem em ativos mobiliários , como obrigações e ações, os fundos de investimento imobiliário investem em ativos como:

Geram um rendimento estável e são uma forma de aceder ao mercado imobiliário, sem necessidade de investir o valor total de entrada, relacionado com a compra.

Existem ainda muitos outros tipos de fundos , quem investem em Depósitos e até Certificados do Tesouro.

Quais os benefícios e riscos associados aos fundos de investimento?

Participar num fundo de investimento traz várias vantagens. A principal é beneficiar do conhecimento e experiência do gestor de fundo e também dos especialistas que o apoiam. Esta gestão ativa em equipa permite ajustar o melhor momento de transação de acordo com o mercado financeiro e, dessa forma, tentar obter melhor rentabilidade.

Além disso, os fundos são uma forma de entrares noutros mercados e setores aos quais não terias acesso se investisses a título particular - atendendo aos montantes elevados que são necessários para investir diretamente. Por outro lado, são um veículo diversificado por natureza o que, regra geral, acarreta menos risco do que investir apenas em ações de uma única empresa.

Contudo, existem também alguns riscos que deves considerar antes de participares em fundos de investimento. O conhecimento e a experiência do gestor do fundo e dos especialistas não garantem rentabilidade. Aliás, os fundos de investimento não têm capital nem taxas garantidas.

A perda será tanto maior quanto a desvalorização dos ativos, que se encontra dependente de flutuações fora do controle dos intervenientes.

Influência de fatores externos:

  • Matérias-primas;

  • Câmbios;

  • Eventos sociais ou mundiais.

Um histórico de elevadas rentabilidades passadas não é garantia para o futuro.

A regra basilar de qualquer decisão financeira aplica-se também aos fundos de investimento: quanto maior a rentabilidade, maior o risco. Assim, para tomar uma decisão consciente e ponderada, analisa bem os riscos e vantagens para a tua situação em particular.

Como participar em fundos de investimento?

Se estás a pensar em investir, segue estas 5 dicas que vão te ajudar a definir uma estratégia de investimento.

1. Define o teu perfil de risco

Qualquer investimento que faças acarreta sempre algum grau de risco. Por isso, antes de avançares, é importante saberes como lidas com o risco inerente à operação. Para ajudar nesse processo de introspeção, procura classificar o teu perfil de risco, em baixo, médio ou elevado.

Preferes investimentos seguros? Estás disposto a correr riscos para ter maiores rentabilidades? Estás preparado para perder todo o capital investido? As respostas a estas perguntas vão ajudar-te a encontrar o teu perfil de risco.

Se respondeste positivamente apenas à primeira pergunta, provavelmente os fundos de investimento não são para ti. Contudo, as respostas afirmativas às seguintes já abrem a possibilidade de participares em fundos de investimento.

2. Tem em conta a liquidez do fundo de investimento

O cenário ideal seria existir um fundo de investimento com grande potencial de rentabilidade a curto prazo e que permitisse, em simultâneo, a entrada e saída dos investidores sempre que desejassem. Contudo, o cenário real é bem diferente. Se não consegues lidar com a volatilidade do fundo, deves evitar fundos que não permitem levantamentos a qualquer momento.

Por outro lado, os fundos de investimento procuram participantes que aceitem o risco a longo prazo; normalmente, os fundos de maior risco podem implicar prazos de investimento superiores a 5 anos. Assim, toma tempo para decidir o período temporal durante o qual estás disposto a investir, com os riscos associados.

3. Verifica a consistência das rentabilidades

Consulta a informação do fundo de investimento. Nos documentos deves encontrar todas as características do fundo, como:

  • Entidade gestora;

  • Política de investimentos;

  • Comissões;

  • Fiscalidade;

  • Composição da carteira.

Verifica se o fundo possui consistência nas suas rentabilidades; dito de outro modo, se existe um histórico de vários anos de retornos positivos. Desta forma, poderás avaliar se o fundo onde estás a pensar investir possui rentabilidade positiva ao longo do horizonte temporal que definiste para ti.

4. Diversifica o investimento

Uma das boas práticas de investimento em fundos é a diversificação. Dividindo todo o teu investimento por fundos de maior risco e menor risco, terás maior probabilidade de obter rentabilidades médias positivas.

Além disso, diversifica de acordo com o teu perfil de risco. Se não estiveres disposto a arriscar, investe uma maior percentagem de capital em fundos de menor risco (sabendo, porém, que a rentabilidade será menor) e vice-versa.

5. Está preparado para o longo prazo

Muitos investidores ainda vêm nos fundos de investimento uma oportunidade para gerar ganhos rápidos, a curto prazo. É possível que assim seja, em casos pontuais, mas construir riqueza de forma sustentável exige que se pense e invista a longo prazo.

Vantagens de longo prazo:

  • Redução do risco;

  • Maior rentabilidade;

  • Tempo para recuperar de quedas.

Para colher estes benefícios, os investidores que colocam dinheiro no mercado devem ser capazes de o manter pelo menos três a cinco anos, e quanto mais, melhor.

Concluindo…

Depois de ficarem bem esclarecidos todos os riscos e as potencialidades em termos de retorno que estes mecanismos podem oferecer, poderás, numa segunda fase, considerar o investimento em fundos.

Começa por planear uma estratégia de investimento coerente com o teu perfil de risco e com horizonte temporal adequado a ti. De seguida, poderás iniciar o processo junto das entidades comercializadoras autorizadas, como bancos ou instituições financeiras.


Susana Pedro
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