Sempre que contratas um crédito, seja de habitação, pessoal, automóvel ou para qualquer outra finalidade, vais ser confrontado com uma decisão: escolher o tipo de taxa de juros. As opções são a taxa mista, fixa ou variável. Descobre as diferenças e sabe como escolher a melhor para a tua situação atual.
Taxa mista, fixa ou variável: quais as diferenças?
As taxas mista, fixa ou variável apresentam características distintas, pelo que podem gerar alguma indecisão na hora de contratar um crédito. Passamos a explicar as vantagens e desvantagens de cada uma delas, para que possas tomar a melhor decisão.
Taxa mista
Nos empréstimos contraídos a taxa mista, a taxa de juro é, num determinado momento, fixa, e noutro, variável. Isto significa que podes escolher um período de tempo em que vigora a fixa, e outro em que passa a vigorar a taxa variável. Assim, poderás beneficiar das vantagens (e riscos) dos dois tipos de taxa.
Por exemplo, poderás iniciar o teu crédito habitação com uma taxa fixa a 5 anos, onde pagarás sempre a mesma prestação, e depois ter o teu empréstimo indexado à taxa variável. Depois de 5 anos passados, a tua prestação passará a ser revista conforme as variações da taxa Euribor.
Análise de mercado: taxa mista continua a ser a mais contratada
Segundo dados do ComparaJá, o tipo de taxa de juro mais contratada é a taxa mista (93,3%), mantendo a tendência. A taxa mista oferece uma combinação de uma taxa fixa inicial com uma taxa variável indexada à Euribor. A taxa variável representou 6,1% dos créditos contratados e a taxa fixa 0,6%.
Fonte: Análise de Mercado de Crédito Habitação | Outubro 2024
Taxa fixa
Nos créditos contraídos a taxa fixa, a taxa de juro mantém-se sempre igual durante todo o prazo do contrato. Isso significa que a tua prestação mensal também se vai manter inalterada, mesmo que a taxa Euribor suba ou desça. Assim, poderás beneficiar de uma maior estabilidade, sem sofrer oscilações do mercado, sabendo sempre qual é o valor fixo que pagas todos os meses.
Contudo, em regra, a prestação de um empréstimo a taxa de juro fixa é mais elevada que a prestação indexada à Euribor. A segurança de não ver a tua prestação aumentada tem, portanto, um custo. O valor da taxa fixa, normalmente, é estipulado pela entidade de crédito considerando a taxa fixa que já se pratica nos principais bancos europeus.
Taxa variável
Nos créditos contraídos a taxa variável, a taxa de juro varia de acordo com as oscilações da Euribor. Isto significa que a tua prestação mensal pode variar – quando a Euribor subir pagas mais e, quando a Euribor descer pagas menos.
Este cenário é, por natureza, mais imprevisível e, por isso, poderá trazer algumas surpresas. Contudo, estas oscilações não serão mensais. O valor da taxa é revisto em determinados períodos, que também poderás escolher: 3, 6 ou 12 meses. Só nessas alturas é que o teu contrato de crédito é revisto e a taxa de juro é atualizada conforme o valor Euribor no mês anterior à revisão.
Taxa mista: em que casos compensa?
Em Portugal, a grande maioria dos créditos aplica a taxa de juro variável, tendo em conta o facto de a Euribor ter apresentado valores mínimos durante muito tempo. Hoje em dia, há uma tendência crescente de procura na taxa mista, mas ainda assim com algumas reticências.
Contudo, a escolha da melhor taxa reside no perfil de cada consumidor.
1. Duração do crédito: quanto mais longo, maior a proteção da taxa mista face à taxa variável
Se contratares um crédito a curto prazo, como, por exemplo, um crédito pessoal ou um crédito automóvel, pode ser vantajoso optar pela taxa variável, uma vez que, num reduzido espaço de tempo, será menos provável que a Euribor sofra oscilações expressivas que comprometam a tua prestação.
Além disso, a médio prazo beneficiarás ainda de um valor mais baixo apenas pelo facto de teres optado pela taxa variável, uma vez que esta taxa é, por norma, mais reduzida que a taxa fixa ou mista.
Por outro lado, se contratares um crédito mais longo e de gestão mais desafiante, como um crédito habitação, em que há maior exposição à volatilidade da Euribor, e se a estabilidade for importante para ti, escolher a taxa fixa ou mista poderá ser mais benéfico. Em suma, quanto maior for o prazo, maior a probabilidade de seres impactado pela Euribor.
2. Capacidade de abatimento da dívida: pagas mais por abater com a taxa fixa que com a taxa mista
Além disso, se prevês, ao longo do prazo, a possibilidade de ir abatendo à dívida, tem também em conta que a comissão por amortização antecipada é cerca de quatro vezes superior na taxa fixa ou mista que na taxa variável.
É certo que o podes fazer em qualquer momento da vigência do contrato, tendo apenas de avisar o banco com, pelo menos, dez dias úteis de antecedência, mas o valor a pagar pode ser significativamente maior, dependendo do valor que vais abater.
3. Necessidades de capital no curto prazo: a taxa mista é a melhor opção para ter mais segurança no início do crédito
A taxa mista permite ao consumidor ter uma taxa fixa durante um período inicial – a definir com o banco – e, posteriormente, uma taxa variável. Assim já saberás com o que contar durante os primeiros anos do teu crédito, o que pode ser uma boa ajuda na previsibilidade e gestão orçamental.
Passado o prazo contratado de taxa fixa, a mensalidade passa a ser calculada com base na taxa variável, sujeita às variações da Euribor, até ao final do contrato.
Durante períodos de maior incerteza, quer do ponto de vista político, social e mundial, quer do ponto de vista pessoal e profissional, a taxa mista pode ser vista com bons olhos. Se a Euribor subir drasticamente ou se o panorama político estiver a atravessar um período mais conturbado, poderás estar tranquilo durante alguns anos com uma taxa mista.
4. Potencial de renegociação do crédito: podes sempre alterar a taxa mista
Se já tens um crédito em vigor, sabe que poderás a qualquer momento alterar o regime de taxa de juro durante o contrato. Poderás entrar em contacto com o teu banco a pedir uma negociação do crédito, e um dos termos negociáveis é, precisamente, a taxa de juro. Se for possível chegar a acordo entre o cliente e o banco, o crédito passará a ser regido pela taxa de juro que for mais vantajosa para ti.
Para concluir qual é a melhor opção para ti, é essencial simular várias possibilidades. Pondera cuidadosamente todas as condições que cada entidade está disposta a oferecer-te e avalia o cenário em que te sentirás mais confortável.