Quando pedes um empréstimo, uma das coisas mais importantes a entender é o que é a taxa de amortização. Em quantas prestações vais pagar o crédito? Quanto estás a amortizar a cada prestação que pagas?
No momento em que contrai um crédito, define, junto da instituição financeira, um período para o reembolso do mesmo, que determinará a quantia da prestação mensal a pagar. Esta prestação mensal é composta por duas parcelas: uma de capital e outra que contempla juros, impostos, seguros e comissões.
O que é a taxa de amortização?
A taxa de amortização diz respeito à percentagem liquidada do capital que lhe foi, efetivamente, concedido pelo banco. No entanto, quando paga a sua prestação mensal não está apenas a amortizar capital - está também a pagar juros, impostos, seguros e comissões ao banco.
Por exemplo, imagina que a tua prestação mensal é de 200 euros e, no primeiro mês, a taxa de juro foi de 30%. Nesse mês, a tua taxa de amortização foi de apenas 70%, ou seja, apenas amortizaste a tua dívida em 140 euros. Os restantes 60 euros foram juros.
Como medida de apoio à habitação, o Governo decretou que, até ao final do ano de 2024, as famílias que pedirem amortização do crédito não terão penalização de juros. Este apoio foi estendido até ao final de 2025 para quem tenha crédito à habitação com taxa variável.
A taxa de amortização varia consoante a modalidade de taxa de juro escolhida para o empréstimo, que, no caso do crédito habitação, pode ser contratado com taxa fixa ou variável.
No pagamento de prestações com juros de taxa fixa, é praticada a mesma percentagem durante o período de reembolso do crédito, ao invés do que acontece nos créditos com taxa variável, nos quais o valor dos juros oscila. Normalmente, a taxa de juro começa por ser mais elevada e vai diminuindo à medida que as prestações vão sendo pagas.
Desta forma, também a taxa de amortização sofre alterações. Nos primeiros meses costuma ser mais reduzida, mas, à medida que o montante dos juros vai sendo pago, ao longo dos meses, a percentagem de amortização vai aumentando.
Amortização antecipada
Apesar de o contrato inicial com o banco definir um determinado prazo e um certo número de prestações para pagar o teu empréstimo, a instituição concede-te o direito de efetuar um reembolso antecipado, caso tenhas possibilidade, para amortizar parte ou a totalidade da dívida antes do fim do empréstimo.
Amortização antecipada parcial
A amortização antecipada parcial permite que reduzas parte do montante do capital em dívida e, desta forma, que diminuas os juros a pagar pelo teu empréstimo, levando à redução do valor das prestações mensais.
Para efetuar a amortização antecipada, terás de notificar a instituição financeira com, pelo menos, sete dias de antecedência. O montante é amortizado no dia em que vence a prestação.
Amortização antecipada total
A amortização antecipada total de um crédito à habitação acontece quando o pagamento do montante em dívida é feito na totalidade antes do prazo estipulado no contrato.
Esta amortização pode ser feita em qualquer altura de vigência do contrato, devendo o cliente informar a instituição de crédito com, pelo menos, 10 dias úteis de antecedência.
Normalmente, os bancos cobram uma comissão pelo reembolso antecipado do crédito à habitação. Por lei, esta comissão só pode ter o valor máximo de 0,5% do capital reembolsado, caso o contrato seja com taxa de juro variável, ou 2% do capital reembolsado nos contratos de taxa de juro fixa.
O caso do Jorge e da Rita
O Jorge e a Rita pediram um crédito à habitação no valor de 120 mil euros. O contrato inicial estipulava uma TAEG de 1,17%, com um prazo de 40 anos, prestações mensais no valor de 311 euros e taxa de juro variável, o que representaria um MTIC (Montante Total Imputado ao Consumidor) de 149.959 euros.
No entanto, passaram-se cinco anos e a Rita recebeu um bónus de 5 mil euros no seu trabalho e quer utilizar esse montante para amortizar parte do crédito antecipadamente.
Notificou o banco, com sete dias úteis de antecedência, da sua intenção de liquidar o respetivo montante da dívida que tinha.
O casal já tinha pago 60 prestações, significando que tinha ainda 107.795 euros de capital por amortizar e 23.509 euros de juros para pagar.
Com a amortização antecipada, passados 5 anos, o empréstimo do casal passou para os seguintes valores:
Valores a considerar | Antes da amortização | Depois da amortização |
Prestação mensal média (mensalidade do empréstimo incluindo seguros, comissões e impostos) | 311€ | 296€ |
Custo total do empréstimo (juros, seguros, comissões e impostos) | 29.959€ | 27.673€ |
Montante total imputado ao consumidor - MTIC | 149.959€ | 143.181€ |
Poupança no MTIC após amortização de 5 mil euros | 2.287€ | 2.287€ |
É ainda necessário ter em consideração a modalidade de taxa de juro aplicada. No caso do Jorge e da Rita, a taxa de juro é variável, ou seja, o casal apenas teve que pagar uma comissão de 0,5% sobre o valor amortizado. Se a taxa de juro fosse fixa, este valor subiria para 2% do capital amortizado.
Comissão de reembolso antecipado para montante de 5.000 euros | Valor da taxa | Montante |
Taxa variável | 0,5% | 25€ |
Taxa fixa | 2% | 100€ |
Caso o contrato fosse com taxa fixa, o casal teria de pagar uma comissão de reembolso antecipado de 100 euros, o que faria com que o custo total do crédito passasse para 27.773 euros.
No entanto, o contrato de crédito do casal é com taxa variável, o que significa que terão de pagar 25 euros de comissão de reembolso antecipado. Acrescentando este valor, o custo do crédito do Jorge e da Rita ficará num total de 27.698 euros.
Desta forma, a amortização antecipada de 5 mil euros representa, para o casal, uma poupança total de 2.262 euros no montante total do seu crédito. Esta poupança diz respeito aos juros que o casal evitou pagar por ter amortizado esta quantia antecipadamente.
Se o Jorge e a Rita conseguirem manter o ritmo de prestações de 311 euros (antes da amortização), podem colocar de parte a diferença da nova prestação (296 euros) para que, ao fim de mais alguns anos, já tenham juntado o suficiente para fazer nova amortização e, assim, poupar mais no empréstimo.