Optar por um seguro automóvel nem sempre é simples, especialmente quando se trata do famoso "seguro contra todos os riscos". Afinal, vale a pena? Quais são as situações em que realmente precisas deste tipo de proteção?
Neste artigo, vamos ajudar-te a entender melhor o que é, quando faz sentido contratá-lo e também as limitações deste tipo de apólice.
Se circulares na estrada sem seguro de responsabilidade civil, estás a incorrer numa contra-ordenação grave que origina uma coima entre 500 euros e 2.500 euros, podendo ficar com a viatura apreendida. No entanto, existe ainda um outro tipo de cobertura que é opcional e que estende as habituais garantias: é o caso do seguro contra todos os riscos. Para que percebas se vale a pena ter um destes e se conseguirás poupar mais na escolha de um, basta continuares a ler.
O que significa ao certo “seguro contra todos os riscos”?
Também designado por “seguro de danos próprios”, permite que se escolham coberturas adicionais às do seguro obrigatório e que normalmente não vêm incluídas neste. É mais caro? Sim, é. Mas para os mais cuidadosos e picuinhas com as suas viaturas, é (muito provavelmente) a melhor opção, tendo em conta que o carro fica muito mais seguro.
Pelo contrário, o seguro de responsabilidade civil (o mais comum e que todos geralmente temos), também chamado de “seguro contra terceiros”, apenas assegura que, em caso de acidente, os danos que sejam realizados a terceiros fiquem cobertos, mas nunca os danos da pessoa que é considerada culpada. Portanto, se este for o teu seguro e se, ao teres um acidente, fores o culpado, a seguradora não cobre os danos causados a ti e à tua viatura, mas somente ao outro condutor.
Quais as situações em que te podes arrepender de não ter?
Os seguros automóvel de danos próprios nasceram da necessidade de gerir o risco e de proteger os indivíduos de perdas financeiras e de outras eventualidades, tais como:
1) Catástrofes naturais
Imagina que vives em Lisboa e estás em pleno mês de dezembro, frio e chuva a potes. Uma tempestade com mais de vinte e quatro horas faz inundar a baixa pombalina, exatamente onde tinhas estacionado o teu carro. Com um seguro de responsabilidade civil, é caso para dizer “Já foste!”.
2) Roubo ou furto
Depois de um longo dia de trabalho na capital e de uma hora no Fertagus, eis que o Joel chega à estação de Palmela, dirige-se ao estacionamento e pensa “Dude, Where’s My Car?”. Pois, tinha sido furtado, algo que uma proteção normal de responsabilidade civil não abrange.
3) Danos próprios
Se tiveres um seguro de responsabilidade civil, cobre os danos que causares a terceiros na eventualidade de um acidente. Mas se, por exemplo, fizeres uma pequena asneira como a do Pedro, que ao estacionar na baixa do Porto, numa subida íngreme, se descuidou com o ponto de embraiagem e bateu com a traseira do carro num poste, fazendo duas mossas no porta-bagagem, então só a garantia contra todos os riscos cobre esta situação (pois trata-se de um dano próprio).
4) Incêndio
És um dos lesados dos 422 carros que arderam no Festival Andanças? Mesmo que não, imagina-te perante este cenário. Uma viatura incendiada é uma viatura perdida. É aqui que a expressão “pega fogo à máquina” deixa de ter piada e que um seguro de danos próprios pode dar muito jeito.
5) Vandalismo
Imagina que te acontece o mesmo que o José, que ao estacionares o teu belo carro, por apenas alguns minutos, num beco de um bairro problemático, recebes um presente quando chegas ao mesmo: um graffiti no lado esquerdo do mesmo, que até te impede a visibilidade. Pior do que estragado, acionaste logo o teu seguro contra todos os riscos.
6) Quebra isolada de vidros
Em caso de, por exemplo, o vidro do para-brisas se quebrar ou estalar, com esta proteção a reparação do mesmo é feita a custo zero para o segurado.
7) Assistência em viagem alargada
Contrariamente às coberturas normais, inclui uma série de serviços adicionais, tais como reboque, uma fonte de informações úteis (se quiseres saber, por exemplo, quais são as farmácias que estão de serviço num determinado dia) e aconselhamento médico permanente.
Para além das situações mencionadas, os seguros de danos próprios podem ainda, mediante contratação adicional, incluir outras proteções mais específicas, tais como: proteção do animal de estimação; a concessão de um veículo de substituição; assistências extra para aquelas situações em que nos enganamos no combustível ou perdemos as chaves; entre outras. É uma questão de te informares junto das seguradoras e comparares.
Seguro contra todos os riscos: como tomar a decisão?
Nem sempre é fácil decidir se este seguro é a opção certa para ti. Aqui estão alguns passos que te podem ajudar a chegar a uma decisão informada:
Avalia o valor do carro: Se o teu veículo já tem vários anos e perdeu valor no mercado, talvez não compense contratar um seguro contra todos os riscos. Em vez disso, um seguro de terceiros pode ser suficiente.
Compara preços e coberturas: Nem todos os seguros contra todos os riscos têm o mesmo preço ou coberturas.
Considera os teus hábitos de condução: Se conduzes diariamente em trajetos longos ou em tráfego intenso, a probabilidade de acidentes é maior. Neste caso, o seguro pode valer a pena.
Consulta o teu orçamento: Avalia se o custo extra cabe no teu orçamento mensal. O seguro contra todos os riscos é mais caro, mas pode poupar-te milhares de euros em situações de sinistro.
Por vezes, existem também campanhas promocionais nas seguradoras, sendo que os preços até costumam variar de mês para mês e, nesse caso, é preciso estares atento, bem como tentares sempre negociar para te favorecerem no valor do prémio. Deves fazer uma análise de mercado, de forma prévia, e ver que seguradoras oferecem este tipo de produto. Por exemplo, a VICTORIA Seguros, a Fidelidade Seguro Automóvel, o Seguro Automóvel Continente, a Tranquilidade ou o Seguro Automóvel LOGO, podem oferecer esta protecção.
Casos em que não irá cobrir os teus danos
Embora o seguro contra todos os riscos ofereça uma proteção ampla, existem situações em que não estarás coberto. Alguns exemplos comuns incluem:
Negligência ou imprudência: Se o sinistro ocorrer enquanto estavas sob efeito de álcool ou drogas, o seguro não irá cobrir os danos.
Participação em corridas ilegais: Qualquer dano ocorrido durante eventos não autorizados está automaticamente excluído.
Manutenção inadequada: Se o acidente foi causado por negligência na manutenção do carro (como travões em más condições), a apólice não cobre os danos.
Exclusões específicas: Alguns eventos naturais, como terremotos ou erupções vulcânicas, podem não estar incluídos na apólice.
Certifica-te de ler todos os detalhes do contrato para evitar surpresas desagradáveis. É possível fazeres-te à estrada em segurança com o máximo de poupança!